Quem com ele esbarra na rua, camisa esporte e cal�a jeans, cabelos encaracolados e cara  e menino, deduz de primeira ser um surfista passeando no Centro do Rio. A hist�ria de Kau� Linden, 28 anos, comprova que o rapaz surfa mesmo � na internet.

Em 1999, aos 17, ele abriu a Hostnet no quarto de empregada em casa. Em meses, conseguiu um s�cio virtual, morador de Porto Alegre � que s� foi conhecer pessoalmente um ano depois. Para tocar a �empresa�, eles papeavam pelo IRC (programa de computador que pode ser considerado um pai do MSN ou GTalk). Nasceu assim a HostNet, para hospedar sites no pa�s � �quela �poca uma novidade por aqui.

� Lembro que o pessoal me achou audacioso: �Ah, viu a internet, acha que vai poder falar com o mundo� � recorda, sobre como descobriu a internet na ag�ncia de publicidade do pai.

Resultado: a HostNet hoje figura entre as quatro maiores do pa�s � nada menos que 35 mil clientes � ocupa, s� na sede do Rio, seis andares num edif�cio do Centro. E Kau�, aquele menino que teclava do quarto, acaba de recusar uma oferta de R$ 20 milh�es de um concorrente. Isso n�o fez dele um engravatado, embora o distancie da mesada paterna. Hoje tem pro-labore, a empresa vale muito mais que a oferta (evita tocar em n�meros), e vive bem. Muito bem.

O case demonstra como a internet imprime, aos poucos, um novo perfil de investidor. Autodidata em tecnologia da informa��o, Kau� foi acessando � maiores posi��es no mercado.

� Fui um dos pioneiros. Ficou claro para mim que aquilo era um neg�cio muito grande.

Quando comecei a entender de hospedagem de sites e internet, pensei que era com isso que eu poderia ficar rico. Sabia que cada vez mais as pessoas, empresas, neg�cios iam procurar sites.

O empenho do jovem empreendedor se confunde com bord�es do setor em que investiu. N�o bastasse o s�cio virtual, come�ou a trabalhar em rede. Vislumbrou em clientes  potenciais eventuais parceiros para a companhia. Deu certo.

Trabalhar com internet for�a o empreendedor a se reinventar diariamente. Da� que Kau� investiu no dinamismo. Por qu� s� vender um p�o se poderia entregar tamb�m uma cesta com outros produtos do trigo?, se indagaria um padeiro em outros tempos. Tal como um, o empres�rio foi manuseando sua mat�ria prima e vislumbrou um campo aberto para avan�ar.

� A Host n�o est� voltada s� no interesse de colocar o site na internet, mas oferece v�rios sistemas que para os quais cada vez mais as empresas v�o migrar, como aplica��es para sistemas de contabilidade, de invent�rios.

Isso quer dizer o seguinte: a empresa come�ou a desenvolver softwares. E avan�ou tanto que Kau� j� foi chamado pelo Minist�rio do Planejamento para participar de f�runs sobre o mercado inovador.

� Trabalhamos com software livre. N�s o utilizamos para instalar o plano de hospedagem dos clientes, que permite que eles tenham uma gama de aplica��es que v�o desde um curso virtual, loja virtual, ao sistema de atendimento on-line. Criamos uma ferramenta paralela, a personalizamos para as necessidades do Brasil � explica.

Com o tempo, surgiu o compromisso social � e at� com isso ele lucra. Inventou a Olimp�ada de Algoritmo, na qual milhares de alunos da rede p�blica participam de teste elaborado pela Host, com pr�mios. Ele acaba garimpando, assim, mentes brilhantes para trabalharem na empresa. D� um computador de presente e, (novidade!), o parceiro trabalha de casa.

Kau� quer alcan�ar em breve 50 mil clientes hospedados. Isso ainda � pouco, diz ele, para um Brasil que tem, segundo seus dados, 40 milh�es de empresas e s� 1,8 milh�o de dom�nios <com.br> (para raz�o social). O poderoso chefinho da internet ainda assessora artistas de rua, elaborando sites e os ajudando com custeio de eventos. Da janela do andar que ocupa, tem-se uma mostra da imensid�o de uma cidade que ainda quer descobrir.

Com a certeza de que tudo aquilo cabe no seu desktop.