Meu caro pai, quem vos escreve � seu primog�nito, o Real, lembra-se de mim? Na verdade, sem sei se voc� � meu genitor. Voc� e os economistas confundem a minha cabe�a e me deixam inst�vel e cheio de crises; ruim mesmo � ter dois pais e n�o ter m�e. Ando por a�, de m�o em m�o, sujo, jogado, propinado, caluniado e ainda tenho que ouvir goza��es dos especuladores. Sabe o que eles falam? Dizem que sou filho do FMI com os especuladores internacionais. Isso � humilha��o, e pior que humilha��o � ouvir das bocas pequenas que n�o valho nada! E o senhor nem a�. Ano ap�s ano eu sobrevivo, e o senhor nunca fez uma festa de anivers�rio pra mim. Tamb�m com quem eu iria comemorar? Com os imprest�veis do Cruzeiro e do Cruzado? S� levo pancada do Euro e do D�lar. Agora, tenho que ag�entar essa invas�o desse playboy americano que dominou minha �rea e compra as minhas garotas. Esse D�lar � um imbecil que s� sabe subir �s custas dos outros. Est� a�, forte, malhado, conhece o mundo inteiro; e eu aqui, fraco, magricela, n�o valho nem um quilo de frango e s� saio do Brasil para engordar contas nos para�sos fiscais. E o povo, o que vai fazer comigo assim? Talvez um dia, meu caro pai, um dia eu suba na vida!