Foi-se o tempo em que o Ant�nio era encontrado no Boteco Belmonte da Praia do Flamengo. Empreendedor que �, consolidou logo uma rede de bares quando constatou uma das verdades imut�veis na rotina do Rio: o carioca gosta de chope com petisco, de segunda a segunda, � claro. Achar Francisco Ant�nio Rodrigues Pinto – ou, Ant�nio do Belmonte – foi uma prova de maratona.

Este humilde rep�rter atrasou quinze minutos numa noite no boteco do Flamengo, depois de roubar a primeira tulipa que viu dando sopa numa bandeja. Pensei que encontraria o dono no balc�o com o olhar cl�nico de anfitri�o. Deu �gua no chope. �Seu Ant�nio j� foi para o Leblon (filial da rede)� , disse um gar�om. Dois dias depois, nova empreitada rumo � filial do Jardim Bot�nico, quando a assessoria ligou. Ant�nio tinha se deslocado para a Lavradio (nova filial). E, enfim, conheci o Belmonte da Lapa.

Cearense boa pra�a, Ant�nio n�o tem tempo para muita conversa. Tem hist�ria bonita para quem chegou ao Rio e trabalhou de faxineiro na Churrascaria Copacabana. Vindo da pequena Hidrol�ndia, aos 13 anos, lavou o ch�o do restaurante que depois o acolheu como gar�om, por dez anos. Da�, a experi�ncia no trato com bo�mios o levou a investir no Carlitos, da Cinel�ndia, onde ficou mais dez anos, mas como dono. De l�, deu o pontap� inicial para comprar o tradicional Belmonte do Flamengo. Isso foi h� nove anos, e desde ent�o construiu a rede de botecos com a cara do Rio. Hoje, aos 34, Ant�nio tem seis bares – sendo cinco Belmonte

– N�o quero ser o melhor, mas sim diferente. O cara pode beber e comer bem com petisco e chope – diz o empres�rio, na porta do bar na Lavradio, ao rebater o conceito de boteco estilizado.

Ant�nio fala pouco, trabalha mais. Durante a entrevista, parou para atender o telefone. Era come�o de tarde de sexta-feira: �Bota pra correr a� foi a senha para um subordinado em um dos bares. �Deixa o fulano no corredor e bota o sicrano na porta�. � assim, com esse jeito bem brasileiro de administrar as coisas, que ele vai levando a rede. Depois de Flamengo, Ipanema, Leblon, Jd. Bot�nico, Copa e Lavradio, a nova filial foi Niter�i. Diz n�o ter lugar preferido.

– N�o, n�o vejo ponto. Em todo lugar tem gente que bebe – sentencia.

Na contram�o dos concorrentes � a Devassa lan�ou sua quarta cerveja especial e o Manuel & Joaquim batizou a Leviana � Ant�nio bate p� e refor�a que n�o quer saber de cerveja pr�pria na sua rede.

– O bom bebedor toma chope. E chope bom � da Brahma! � sorri, ao fazer um merchandising espont�neo.

Seus bares t�m exclusividade com a Brahma. Os barris de ferro, inclusive, s�o usados nos botecos como divisas e mesinhas, num visual arrojado. O dono n�o fala em n�meros, mas revela: vende 80 mil litros de chope/m�s e administra 400 funcion�rios, incluindo o Carlitos e a Lanchonete BelCrepes, em Copa.

Outra do Ant�nio � usar as paredes para animar os ambientes. Quem for � Lavradio, encontra charges gigantes de Jaguar � um de seus ilustres fregueses -, e nos outros pontos, de Newton Bravo � “ele foi o melhor cartunista de bares do mundo” � lembra Ant�nio.

– Jaguar prop�s fazer os desenhos e aceitei. Ele tem a cara de bo�mio � define aos risos o empres�rio.

O Belmonte n�o � estilizado, refor�a o dono, mas � bom lembrar que Ant�nio imprimiu sua marca. Bichos n�o entram nos bares. E quem vai ao boteco em traje de banho ou sem camisa sabe que n�o vai ser atendido, anuncia um cartaz. Isso n�o � problema. O que n�o falta � gente vestida pra provar a empadinha aberta de siri ou o risoto de camar�o, entre outras preciosidades do card�pio.

No embalo que segue, s� falta Ant�nio abrir um Belmonte na sua Hidrol�ndia, para deleite dos amigos da terra natal. N�o deu tempo de perguntar. Ant�nio j� partia para outro boteco. E o rep�rter caiu no chope de cortesia.