O circo acampa em nossas cidades de quatro em quatro anos. Nele n�o h� le�es, nem macacos, ursos ou elefantes. Traz uma miscel�nea de gente afoita pelo prest�gio e pelas palmas, chegam a pagar por elas. Apesar da pompa com que chegam e os fogos que anunciam seus talentos, o espet�culo � p�fio. �s vezes a plat�ia ganha, em outros casos perde, e a banalidade � o tema das apresenta��es na maioria dos shows.

No circo n�o h� animais, foi dito. Existem, sim, artistas que fazem de tudo para conseguir um voto da plat�ia que vai �s urnas. Neste circo, cada artista � um candidato, a conseguir algo, como dinheiro, privil�gios, ou com o bom intuito de ajudar o pr�ximo, sem contudo dizer quem � o pr�ximo.

Apresentando-os, o candidato trapezista se empulera nos outros para alcan�ar seus objetivos. O equilibrista mant�m a pose para n�o cair no pr�prio truque. O contorcionista se torce todo para n�o ser espremido entre os c�es que latem � sua volta. Os dan�arinos dan�am conforme a m�sica do poder, o palha�o dispensa m�scaras e usa terno e gravata, e o grande m�gico consegue votos at� de fantasmas. Incr�vel, mas esse truque funciona!

E muitos ainda batem palmas. Que grande espet�culo! E o show n�o p�ra, nunca p�ra. H� uma cumplicidade viciosa sobre a lona que protege o mundo. O protege da verdade.

Enfim, este show exige um �nico pre�o, paga-se com a confian�a, entra e n�o h� jeito de sair. O circo vai embora, mas sempre volta. Ele vai e deixa alegrias, rancores, promessas e saudades, mas retorna, e com o mesmo espet�culo…